Lá se vão três semanas de mergulho intenso no que será o segundo governo de Donald Trump na Casa Branca. Agora, mais até do que no primeiro mandato, ele parece jogar pôquer. Aposta alto, põe e tira as fichas da mesa, compra o que pode, ensaia quebrar a banca, arremessa tudo para o alto, finge blefar, mas não — e, em muitos casos, subverte as regras, namorando a virada de mesa. Trump, o jogador, não dá um minuto de sossego para a ansiedade global. A seu feitio, caminha no lugar-comum: cria dificuldades para vender facilidades. Houve estardalhaço com a guerra comercial deflagrada ao anúncio de tarifas contra produtos importados da China, México e Canadá, em movimento de tirar o fôlego, feito de sístoles e diástoles. Depois sugeriu fazer de Gaza um território de controle americano, de mãos dadas com Israel, em provocação mal dissimulada. O mundo de Trump não é para amadores — embora nem seja tão intrincado assim, dado o monocórdico desejo do republicano, prometido e anunciado na campanha, “de fazer os Estados Unidos grande novamente”.