Opositor asilado na embaixada argentina em Caracas... | VEJA

Um dos seis membros da oposição venezuelana que estão asilados na embaixada argentina em Caracas se entregou ao gabinete do procurador-geral do governo de Nicolás Maduro nesta sexta-feira, 20, segundo a agência de notícias Reuters. As tensões acerca do prédio diplomático crescem desde que Buenos Aires não reconheceu a reeleição do ditador venezuelano, que retaliou expulsando toda equipe diplomática argentina do país. Desde então, houve relatos sobre a Guarda Nacional cercando o complexo, que ficou sob os cuidados do Brasil.

Os seis asilados que receberam proteção da gestão do presidente ultraliberal Javier Milei fizeram parte da campanha de Edmundo González, porta-estandarte das forças de oposição na Venezuela, e María Corina Machado, de quem o desconhecido diplomata de 75 anos emprestou a popularidade para concorrer quando ela foi impedida por uma manobra do Judiciário, controlado por Maduro. Os funcionários eram encarregados de comunicação e de política internacional, entre outros temas.

São eles Magalli Meda, a chefe do bloco; Claudia Macero, jornalista responsável pela comunicação nacional; Fernando Martinez Mottola, assessor da líder da oposição María Corina; Pedro Urruchurtu, coordenador de relações internacionais; Omar González, chefe de campanha do estado de Anzoátegui; e Humberto Villalobos, responsável pela logística eleitoral. Todos têm contra si ordens de prisão por “ações violentas”, “terrorismo” e “desestabilização” do país.

Segundo a Reuters, quem foi ao gabinete do procurador-geral foi Martinez. A agência informou, com base em fontes judiciais, que o assessor está em sua própria casa. Por enquanto, não há mais detalhes.

Os funcionários estão na embaixada – que segundo regras internacionais, é território neutro que não pode ser invadido por forças de segurança – desde março, quando os mandados de prisão foram expedidos em março, parte do que a oposição diz ser uma repressão feroz do governo a críticos antes, durante e depois das eleições presidenciais de julho. No resultado oficial, Maduro foi reeleito, mas fiscais da oposição divulgaram atas de seções eleitorais comprovando a nítida dianteira de González. Europa, Estados Unidos e outros se recusaram a cumprimentar o líder bolivariano.

González fugiu do país e se exilou em Madri, embora tenha dito que voltará a Caracas para tomar o “seu” cargo em 10 de janeiro, dia da cerimônia de posse presidencial. Corina está escondida na Venezuela.

A embaixada argentina está sob custódia brasileira desde agosto, depois de Buenos Aires e Caracas cortarem relações. A Argentina concedeu asilo e passagem segura aos seis membros da oposição, mas o governo da Venezuela não permitiu que eles saíssem do país.

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse que há negociações para tentar garantir passagem segura para os seis. Isso envolveria uma troca: passagem segura para os opositores garantiria a libertação do ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas, um aliado de Maduro, preso por corrupção. Mas Quito já afirmou que não concorda.


Publicado em VEJA de dezembro de 2024, edição nº 2924