Pode-se dizer que os raios e trovoadas de uma temporada de natureza rebelde, alimentada pela ganância da humanidade, são metáforas de muitos dos principais eventos que, de janeiro a dezembro, nos deixaram em estado de alerta, desnorteados e assustados com retrocessos inaceitáveis. Vive-se, no cotidiano ambiental e da sociedade, uma era de extremos. A revelação do plano do vergonhoso movimento golpista de 8 de janeiro de 2023, que incluía o assassinato do presidente eleito, Lula, do vice Geraldo Alckmin e do juiz Alexandre de Moraes, do STF, é indício da estúpida intenção de levar o Brasil para trás, em triste nostalgia pelo tempo da ditadura, o regime que encarcerou e matou o ex-deputado Rubens Paiva, em 1971, personagem central do premiado filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. O sucesso do longa-metragem, visto por mais de 2 milhões de pessoas no país, entre lágrimas e aplausos, é uma resposta contra o retrocesso extremado. É preocupante, também, o recuo do ponto de vista da condução da economia brasileira, com desleixo em relação ao corte de gastos e ao controle das contas públicas, postura pela qual o populismo alimentado por Lula e pelo PT caminha para o tempo em que ao Estado tudo cabia — em evidentedesconexão com medidas que realmente funcionam para fazer andar a livre-iniciativa e tirar o povo da inaceitável miséria.